<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=259 mm><FIOH=2 pt><MF=27 mm><PF=40 mm><LF=164 mm>ATA DA DÉCIMA QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 09.07.1997.

 


Aos nove dias do mês de julho do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum e Renato Guimarães, Titulares, e Antonio Hohlfeldt, Cyro Martini, João Carlos Nedel e Luiz Braz, Não Titulares. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Décima Segunda Reunião Ordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 211, 295, 296, 297, 306, 307 e 309/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 116/97, do Deputado Mendes Ribeiro Filho, Secretário Extraordinário para Assuntos da Casa Civil/RS; 276/97, do Senhor Marcos Rolim, Deputado Estadual/RS; 636/97, do Senhor Nelson Boeira, Secretário de Estado da Cultura/RS; 949/97, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto/RS; 1184/97, do Senhor Sérgio Omar Fernandes, Secretário de Estado da Justiça e da Segurança Substituto/RS; Telegrama do Senhor José Ivo Sartori, Deputado Estadual/RS; Convites: do Senhor Luiz Carlos Mello, Delegado Regional do Trabalho/RS, para as comemorações dos dezenove anos de inauguração da atual sede; do Senhor Dirney Alves Ribeiro, Presidente da Associação dos Moradores do Bairro São João, para a solenidade de abertura da Festa de São João. Às nove horas e trinta e seis minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e trinta e nove minutos, constatada a existência de "quorum". Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell teceu comentários sobre os problemas de infra-estrutura existentes nas Escolas Estaduais Rio Grande do Sul, Gomes Carneiro e Padre Balduíno Rambo, registrando que, em relação a esta última, o Governo do Estado já liberou verbas para consertos emergenciais. Ainda, discorreu sobre os baixos salários dos policiais civis e militares, ressaltando que aqueles que enfrentam maiores riscos recebem menos, fato evidenciado no referente ao adicional de periculosidade.  O Vereador Fernando Záchia manifestou-se a respeito das políticas habitacionais adotadas pelos Governos do Estado e do Município, apoiando intenção do Executivo Municipal, divulgada pela imprensa, de construir novas moradias, através de financiamento obtido junto à Caixa Econômica Federal. O Vereador Gerson Almeida teceu considerações acerca dos serviços oferecidos atualmente pelo Poder Público, declarando ser sua baixa qualidade devida, principalmente,  à crescente  intervenção  do setor privado nas áreas estratégicas da administração estatal e ao descontentamento dos servidores públicos <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>com a política salarial e as precárias condições de trabalho vigentes. O Vereador Guilherme Barbosa, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Fernando Záchia, teceu comentários a respeito do convênio firmado entre o Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB e a Caixa Econômica Federal, o qual viabilizará a construção de aproximadamente mil e duzentas casas populares. Também, criticou o Governo do Estado pela redução dos investimentos nos setores sociais, apesar do crescimento da economia do Rio Grande do Sul. A Vereadora Anamaria Negroni, referindo-se à denúncia feita por Sua Excelência em pronunciamento nesta Casa, acerca da falta de segurança no Teatro de Câmara, registrou que, apesar da resistência da Secretaria Municipal da Cultura, esse Teatro será fechado para reformas em sua instalação elétrica, a fim de resguardar a segurança dos seus freqüentadores. O Vereador Antonio Hohlfeldt discorreu sobre os problemas  enfrentados pela Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC, principalmente em relação à falta de funcionários e ao não-pagamento de adicional de insalubridade a monitores e técnicos. Ainda, denunciou que uma das empresas contratadas para prestar serviços à FESC, apesar de receber em dia o repasse de verbas da Prefeitura, vem atrasando o pagamento de seus funcionários, além de fornecer vales-transporte em número inferior ao previsto em lei. Na ocasião, a Vereadora Maria do Rosário solicitou cópias das notas taquigráficas do pronunciamento, em Comunicações, do Vereador Antonio Hohlfeldt, tendo este Vereador concordado com tal solicitação. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Cyro Martini teceu críticas à nova estrutura do Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN, condenando a entrega de seu controle à iniciativa privada e questionando a qualidade desse serviço, por considerar que a preocupação básica da empresa privada é a lucratividade e não o benefício da população. O Vereador José Valdir, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Antonio Hohlfeldt, teceu considerações a respeito da estrutura da FESC durante a administração anterior, ressaltando as principais atividades realizadas pela Entidade naquele período. Também, manifestou seu apoio à luta para que a FESC receba mais recursos humanos e financeiros, a fim de melhor realizar seus projetos e prestar um bom atendimento à população. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Adeli Sell, ao posicionar-se contrariamente à desestatização do Banco Meridional, condenou a atitude do Governo Federal em liberar grandes verbas para socorrer instituições bancárias em dificuldades, em detrimento das áreas fundamentais de ação do Estado, como a saúde, a agricultura e a educação. O Vereador Antonio Hohlfeldt comentou nota divulgada na imprensa pelo Secretário Adjunto da Secretaria Municipal dos Transportes, Senhor Maury Cruz, relativa à votação, nesta Casa, do Projeto de Lei do Legislativo nº 114/97. Também, salientando ser a questão da tarifa do transporte coletivo de responsabilidade do Executivo Municipal, lamentou  a  forma como  o  assunto  foi  repassado  para  este  Legislativo. O Vereador Carlos Garcia teceu considerações acerca de visitas feitas a escolas da Cidade, destacando que a maioria delas vêm apresentando problemas no referente à falta de recursos humanos ou materiais e <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>relatando, em especial, dificuldades observadas na Escola Estadual de 1º Grau Professor Oscar Pereira. Ainda, registrou que o PSB fará uma campanha maciça junto à população para que não ocorra aumento nas tarifas do transporte coletivo de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Renato Guimarães discorreu sobre balanço apresentado pelo Governo Estadual, chamando a atenção para o fato de terem sido efetuados gastos maiores com publicidade do que com a área da saúde. Comentou dificuldades enfrentadas pelas casas de abrigo que atendem à população carente de Porto Alegre, em especial por aquelas mantidas pela Fundação Estadual do Bem Estar do Menor. Ainda, analisou as conseqüências resultantes da Reforma Administrativa proposta pelo Governo Federal.  O Vereador Juarez Pinheiro manifestou-se acerca do projeto do Governo Federal, de privatização do setor de saúde, comentando mobilizações em defesa dos hospitais públicos, promovidas por diversas entidades comunitárias, e salientando a importância de uma maior atenção da Casa para o tema.  Finalizando, registrou a votação, hoje, pelo Congresso Nacional, de parte do projeto de Reforma Administrativa encaminhado pelo  Governo Federal. Às onze horas e três minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quinta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Clovis Ilgenfritz e Paulo Brum, e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 

 


    

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Passamos às 

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Tenho dito que quando nós fazemos uma reivindicação e ela é atendida, ou quando há um comportamento positivo dos governantes, nós devemos sempre marcar essa questão, apesar de que a situação da escola estadual no Estado do Rio Grande do Sul continua a mesma que eu denunciei há mais de 30 dias: uma parte da escola interditada. Outra questão que levantei aqui em relação à Escola Estadual Padre Balduíno Rambo, felizmente parte dela está sendo cumprida pelo Governo do Estado, porque liberou uma pequena parcela de verba para arrumar, consertar de forma emergencial a parte elétrica daquela escola no Bairro Partenon, do nosso colega Ver. Cyro Martini. No entanto, a situação é muito dramática na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Gomes Carneiro.

Dito isso, gostaria de abordar um problema que considero da maior gravidade, que é a situação em que vivem os nossos policiais da Brigada Militar e da Polícia Civil. Hoje, em manchete de jornal, o Governo diz que tenta evitar a greve de policiais e há um reconhecimento do Secretário Eichenberg de que os salários estão  aquém do necessário. Os dados mostram que um soldado de primeira classe recebe um básico de 192 reais e um de segunda classe,  176 reais. Com todos os benefícios, um coronel da Brigada pode chegar a 10 mil reais e um soldado de segunda classe ao máximo de 450 reais. Hoje nós vemos que um soldado não ganha 10% do que ganha um profissional da mesma área quando atinge o último patamar da carreira, que é o caso de um  coronel.  A mesma coisa acontece na Polícia Civil: aqueles que vão para a linha de frente, aqueles que se expõem ao perigo, à difícil situação de insegurança da nossa sociedade, não recebem nem 10% daquilo que recebem os policiais das mais altas patentes. Nós estamos numa situação dramática que tem que ser atacada e solucionada. Não adianta o Governo reconhecer que a situação do policial militar é uma situação difícil.

Hoje também vemos nos jornais que um grupo de 200 policiais militares que saíram com o Plano de Demissão Voluntária quer voltar a trabalhar na Brigada Militar. A nossa Constituição é clara:  entra-se no serviço público por concurso público. Como fica a situação desses 200 policiais que já têm treinamento, com os quais o Governo gastou dinheiro para treinar, que saíram do serviço público e agora querem voltar?

É necessário que tenhamos mais policiais efetivos na linha de frente. Grande parte dessa situação em que hoje se encontram as instituições da Polícia Civil e da Brigada Militar não é culpa daqueles que estão na instituição. Mas alguns, evidentemente, são responsáveis, pois fizeram pesados “lobbies” na Assembléia Legislativa para que se constituísse esta distorção. Porém, o mais grave disso  tudo  são os governos que passaram pelo Palácio Piratini até hoje e que foram coniventes com esta situação. Nós estamos aqui falando não contra um coronel, contra um major, porque sabemos que sempre haverá uma hierarquia,  seja em que tipo de Estado for -  o Estado em que vivemos hoje ou qualquer outro Estado democrático. Não estamos discutindo a justeza do salário, do salário das mais altas patentes. Estamos discutindo a injustiça dos salários da base da pirâmide do policial militar, do policial civil, que sobe o morro,  que atua na periferia ou no Centro da Cidade. Hoje podemos dizer que não há mais distinção entre o morro, a periferia e o Centro da Cidade, porque a violência está presente em todos os quadrantes da nossa Cidade.

Como fica a situação do pagamento de periculosidade? Porque aquele que está na linha de frente recebe 100% sobre o básico; aquele que está na retaguarda, que tem melhores condições, que não está exposto aos mesmos perigos, recebe o dobro de periculosidade. Essas são as distorções que queremos combater, apesar de uma crítica velada a esta situação feita pelo Secretário Eichenberg, que não foi suficientemente contundente numa autocrítica da sua posição de partido e dos outros partidos. Aqui não se trata apenas de discutir a atual situação do Governo do Estado, do partido que  está no Governo - PMDB -, meu caro Ver. Fernando Záchia. Essa situação piorou, inclusive,  durante o Governo de Alceu Collares - PDT -, que foi responsável pelas maiores distorções.

Portanto,  temos que enfrentar esta situação, sim. Esse é um assunto que diz respeito a Porto Alegre, porque aqui está o grosso da Corporação; esse é um assunto que diz respeito à cidadania; esse é um assunto que diz respeito a todos nós. Mas ele diz, fundamentalmente, respeito àqueles que não têm condições de se defenderem: a população em geral, que está exposta aos perigos, à insegurança. Por isso, estamos aqui, nesta tribuna da Câmara Municipal, para fazer essa grave denúncia da situação dramática em que vivem a Polícia Civil e a Brigada Militar.

Vamos vivenciar um grande movimento nos próximos dias, pois está marcada uma assembléia geral para o dia 17. Tudo indica que milhares de policiais civis e militares estarão nessa assembléia. É um direito seu a livre organização sindical. Eles têm direito a reivindicar. E nós queremos repudiar todas as formas explícitas, mas fundamentalmente veladas que estão ocorrendo de repressão a esta importante parcela do funcionalismo público estadual que, junto com os professores, vive um drama muito grande. E ontem eu fiquei chocado ao passar pela Escola Ignácio Montanha, onde havia um cartaz que dizia: “Cuidado, professores! Agora eles queimam mendigos. Queimar mendigos virou moda”.

Assim é a situação do professorado; assim é a situação da Brigada Militar; assim é a situação da Polícia Civil. Eu sou solidário com esses segmentos tão importantes do  funcionalismo público estadual e todos aqui deveriam estar na mesma situação de indignação em que eu me encontro hoje ao ver isso explícito nas páginas dos nossos jornais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Anamaria Negroni está com a palavra.  Ausente. Ver. Carlos Garcia. Ausente. Ver. Clovis Ilgenfritz.  Desiste. Com a palavra, o Ver. Fernando Záchia.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Ao longo do outro mandato, sempre fui um Vereador crítico à pouca ousadia do Governo Municipal em relação à habitação popular. Essa não é uma característica somente da Administração Popular. Também é uma característica - essa pouca visão - do Governo do Estado e do próprio Governo Federal. Mas o Governo Municipal é da alçada da Câmara de Vereadores.

Eu dizia aqui, no mandato passado, que, durante a gestão do ex-Prefeito Olívio Dutra, Porto Alegre tinha construído somente 966 casas populares para, naquele momento, existir um déficit habitacional de 90 mil unidades. Aproximadamente, 450 mil pessoas em Porto Alegre não têm casa para morar, e a Prefeitura tinha essa pouca ação em relação a isso. Mas é com  satisfação que li, na semana passada, no Jornal “Correio do Povo”, que a Prefeitura, através de um financiamento obtido junto à Caixa Econômica Federal, vai construir 1.327 casas. Fará essas obras em sete vilas e bairros, casas no Condomínio Boa Vontade, no Loteamento Chapéu do Sol, Cavalhada 2, Santa Fé, Vilas Monte Cristo e Restinga. O investimento total do Município no projeto deverá chegar a 14 milhões de reais. Ver. Paulo Brum, para mim isso é alentador porque mostra, talvez, uma nova visão da Administração Popular em relação a esse assunto, em relação a uma das maiores carências que a comunidade porto-alegrense tem, que é o acesso a sua habitação, a sua moradia.

O Governo do Estado, quando fechava a COHAB, mostrava também, muito claramente,  a sua timidez em relação à questão da habitação popular e eu ficava preocupado quando via a  pouca ação do Município em relação a isso. Mas me estimula  ver que o Município começa a despertar esse interesse em poder aqui desenvolver projetos, em poder aqui minimizar essa problemática que tanto aflige mais de 92 mil famílias que hoje caracterizam esse déficit habitacional. São 92 mil famílias que querem ter acesso à moradia, acesso a financiamentos populares e não encontram, por parte dos governos estaduais, municipais e federal, uma alternativa para que possam ter esse objetivo alcançado.

Vejo, com grande alento, essa disposição do Município em tentar criar essa alternativa para que se possa enfrentar esse problema de uma vez, para que se possa, criando essas opções de financiamento, tendo esse encorajamento do Município em buscar recursos de fora, em buscar recursos da Caixa Econômica Federal, em contrair esses financiamentos, direcioná-los para que se possam construir essas casas populares, mostrando muito clara uma política habitacional, se não muito arrojada, mas que enfrenta esse problema de frente, diferentemente do que vinha acontecendo nos dois últimos governos municipais. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero não anunciar, mas apenas falar sobre uma questão que deve afligir todos os homens públicos e responsáveis, em maior ou menor medida, pela organização do serviço público.

Nós estamos assistindo, nos últimos dias, à explosão ou ao aparecimento com força de um problema que vem sendo construído de uma maneira crescentemente problemática na medida em que é algo que não tem sido objeto da preocupação dos governantes responsáveis. Nós estamos vendo, por exemplo, o episódio de Minas Gerais com as polícias militares, uma generalização do descontentamento nesse setor fundamental para o serviço público, com particularidades muito próprias, porque são homens armados. É a expressão armada do Estado que começa a se mobilizar de uma forma com muito poucas pontes de discussão e de articulação com o Poder Público, que tem tido duas posturas: ou faz que não vê, como fez nos últimos anos, fazendo que não sabia da efervescência e do incomodamento crescente desses funcionários públicos, ou  agora apenas usando a repressão como arma para tratar de um problema social da mais alta gravidade.

Eu pego isso como exemplo, porque em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, inclusive, os policiais militares têm assembléia nos próximos dias. Aqui há uma organização mais antiga, através da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar, que elegeram um ex-Vereador, hoje Deputado Estadual, José Gomes, com forte presença junto aos soldados da Brigada Militar. A situação aqui é dramática, ruim em condições de trabalho e salários, como no País inteiro. Mas isso é apenas um elemento de um processo generalizado no que toca à situação do serviço público no País. O processo que está em curso é de crescente e deliberada dificuldade, ou de responsabilização, melhor dizendo, do Estado em relação a questões que são de sua obrigação. É assim na saúde, que tem o seu atendimento cada vez mais precário, levando para a iniciativa privada o atendimento de determinados segmentos que têm poder de renda suficiente para chegar na medicina privada,  porque  a pública tem sido levada a um plano de incapacidade em realizar as suas tarefas. A educação sofre o mesmo processo, como todos os setores de responsabilidade do Estado. As estatais de serviços públicos fundamentais que prestam bons serviços em áreas estratégicas,  como telecomunicações e energia elétrica, têm sido desmontadas no serviço que levou décadas para ser construído e ter assegurada a sua pretensa universalidade. Hoje, pouquíssimas cidades do Estado não têm energia elétrica; na fronteira, Santa Vitória do Palmar tem por via diesel.  Não há um único Município que não seja servido por telecomunicações hoje, no Estado do Rio Grande do Sul. São setores estratégicos que estão sendo desmontados.

A Lei Geral de Telecomunicações, aprovada no Senado e no Congresso,  se baseia no desconhecimento absoluto da esmagadora maioria da população para venderem a idéia de que, a partir de agora, o telefone será mais barato, será universal, a qualidade do serviço será melhor. O que na verdade estão fazendo é acabar com a noção e idéia de universalidade de serviços públicos a partir do momento em que ter acesso ou não a serviços tem como elemento que condiciona isso não apenas a capacidade técnica e de expansão do sistema, mas a quantidade de recursos que cada usuário, individualmente, vai poder fornecer às empresas que o estiverem  explorando. Na medida em que essa for a lógica usada para operar a ampliação ou a diminuição do serviço, é natural que se acabou com a noção básica que orientava os serviços públicos, que é a da universalidade.  A busca é de que todos tivessem acesso àquele serviço, independente  de serem pobres ou ricos, de terem o poder de compra ou não. Essa lógica está acabando, tanto que hoje os jornais noticiam que a venda da Banda B para a telefonia móvel celular na Região 1, que é a Região Metropolitana de São Paulo, há dez ou doze empresas disputando, mas na Região 5, que é Norte e Nordeste e regiões de poder aquisitivo bem menor, há menos empresas, ou, às vezes, há até ausência de empresas interessadas em ganhar essas licitações.

Realmente, estamos vivendo uma situação bastante difícil, em que a responsabilidade pública, em que os serviços públicos, aqueles que podem gerar lucros são entregues para a iniciativa privada em condições fantasticamente facilitadoras, mas aqueles que não têm serviços privados interessados, porque não dão lucro imediato,  estão completamente abandonados, e o Estado não se compromete em estabelecer políticas que melhorem essa situação.

Aí vamos trazer essa discussão ampla que tem sido feita aqui no Estado em relação aos financiamentos da General Motors. O Governo e seus defensores políticos dizem que era necessário dar tantos anos de isenção fiscal, fazendo uma política de renúncia fiscal fantástica como a que foi feita, porque isso traria,  na seqüência, melhores impostos. É exatamente esse processo de renúncia fiscal sistemático que tem ocorrido,  que tem criado e ampliado esse ciclo perverso do Estado sucateado, o Estado sem capacidade de financiamento, que tem de se ajoelhar diante de determinadas empresas e empreendimentos e, ao se ajoelhar, dificulta ainda mais a sua capacidade de se autofinanciar, ou seja, renuncia àquilo que seria a única maneira de lhe dar condições para cumprir o seu papel de assegurar para todos determinados tipos de serviços, um padrão mínimo de serviços. E essa é uma lógica perversa na medida em que desresponsabiliza e incapacita cada vez mais o Estado a cumprir as suas obrigações. E eu estou ficando cada vez mais preocupado com este tipo de situação.

A gestão dos serviços públicos e a abdicação dos setores estratégicos da economia que cumprem um papel importante para a realização da democracia e também sempre serviram para financiar o Estado de recursos oriundos deles, até de comunicações ao serviço que se autofinanciou, em 30 anos, saiu da idade da pedra para a modernidade, e hoje o Brasil detém, controla e é produtor das principais tecnologias. Não existe tecnologia na área de telecomunicações do planeta da qual nós não tenhamos domínio, não tenhamos capacidade de produção e realização. Não existe uma única tecnologia que nós não dominamos. Acredito que isso seja verdade, também, no setor elétrico e aí por diante. São setores que se autofinanciaram e foram capazes, por um esforço social forte, de sair da idade da pedra. Hoje, além de entregar setores estratégicos, acabam dificultando ainda mais a capacidade de autofinanciamento do Estado. É por isso que a polícia militar e a saúde entram, cada vez mais, numa situação de maior desespero, porque o Estado é incapaz de cumprir a sua missão, e isso é bastante preocupante para quem quer uma sociedade mais justa e qualidade de vida para todos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inicialmente, quero comentar a intervenção do Ver. Luiz Fernando Záchia pela importância que tem, realmente, a assinatura do contrato realizado entre a Prefeitura Municipal de Porto Alegre/DEMHAB e Caixa Econômica Federal, num projeto total  de 14 milhões de reais para a construção de cerca de 1.200 casas populares, acredito que nos próximos anos. Acho que é um fato importante, ainda que insuficiente - teríamos que construir bem mais -, mas com certeza é uma iniciativa muito forte nos próximos anos. Creio que temos que parabenizar o Prefeito Raul Pont, o Diretor João Verle, nosso colega Vereador. Mas, além desse financiamento, precisamos de mais. Assim que tivermos implementado essas moradias, no mínimo mais outro programa semelhante vai ser necessário fazer.

Esse assunto termina, de certa forma, se ligando ao tema que queria trazer aqui na tribuna, que é fazer uma discussão sobre métodos de administração e possibilidades de financiamento para as máquinas estatais. Tomaria como base uma análise do balanço do Governo do Estado no ano de 1996. Começaria exatamente por essa questão da habitação, Ver. Paulo Brum. Eu consultaria V. Exa. para saber se imagina quanto o Governo Britto gastou em 1996 no setor de habitação, que foi exatamente igual ao que gastou em 1995: zero. Não é força de expressão. O Governo Antônio Britto, nos anos de 1995 e 96,  gastou zero em habitação popular. Acredito que há um consenso entre nós de que o problema habitacional no País não conseguirá ser resolvido só pelo Município. Teremos que somar esforços do Município, do Estado e da União e, mesmo assim, vamos levar muito tempo para conseguir superar o déficit das moradias populares.

Outro aspecto relevante do balanço do Governo do Estado no ano passado é que foi declarado pelo Secretário da Fazenda, Cézar Busatto, que o Governo teve, no ano passado, um superávit de 33,8 milhões de reais. É uma parte da verdade. Esse número é o final, mas só chegou ao superávit quando se somam à arrecadação orçamentária do Governo do Estado os recursos obtidos com a venda de 35% das ações da CRT e ações da CEEE. Se tirar essa parte que foi a venda do patrimônio do Estado, o superávit passa a ser um déficit de 585,6 milhões de dólares. Quer dizer: retirando a venda das estatais, a gente tem um déficit fortíssimo. Aí surge a pergunta: como aconteceu isso? Não há dúvidas de que o maior problema é abrir mão do seu principal imposto, que é o ICMS, e através de uma série de programas que se pode discutir, como o FUNDOPEN. Mas esses programas trabalham com a perspectiva, embora não se possa ter certeza, de que no futuro teremos o retorno do ICMS de que agora se abre mão.

Aí está a crise que estamos vendo com o funcionalismo do Estado,  embora  aqui no Município também tenhamos a mobilização da categoria municipária, mas é evidente que a nível do Estado a questão é explosiva: são os professores e agora os policiais civis e militares. Mas como, se abrimos mão de ICMS?  E o patrimônio público foi vendido e grande parte desse valor foi para a fábrica da General Motors, que também se abre mão de seus impostos, e  talvez, daqui a quinze anos, ele retorne. O Estado está construindo uma fábrica de automóveis; depois vamos fazer uma campanha para privatizar a GM. É uma grande contradição dos neoliberais, que dizem que o Estado deve se ausentar da economia e deve ficar somente com as suas tarefas básicas, que seriam a saúde, moradia e outras. Mas, ao mesmo tempo, o discurso neoliberal se desmorona, quando se constrói uma fábrica de automóveis.

São inúmeras, e é interessante apresentar a tabela realizada, Vera. Maria do Rosário, para que vejamos o que tinha de proposta orçamentária para 1996 do Governo do Estado e o que o Governo de fato realizou.

O que aumentou do orçamento original do Governo do Estado:

No Gabinete do Governador, foram gastos mais 42,11%; na Procuradoria- Geral do Estado, foram mais 19,5%; na Defensoria Pública,  mais 26,8%; Secretaria de Administração e Recursos Humanos, mais 43,8% - acho interessante e não seria contra  isso -; Secretaria da Fazenda, mais 27%.

O que gastou menos? Vamos ver onde foi.

Secretaria da Agricultura e Abastecimento: gastou menos do que estava orçado para 96 - 23,2%; Secretaria da Saúde e Meio Ambiente, menos 29,4%; Secretaria de Obras Públicas, Saneamento e Habitação, menos 28,9%; Secretaria de Turismo, menos 41%; e Secretaria da Cultura, Ver. Antonio Hohlfeldt, 13,8%.

Então, se formos contrapor o que gastou mais, a começar pelo Gabinete de Sua Excelência, o Governador, que gastou mais 42,1%, e onde gastou menos do que estava orçado, eu acho que é uma radiografia e uma definição exata do caráter do Governo Antônio Britto.

Os setores sociais, praticamente todos, tiveram redução de investimentos. E aumenta em algumas áreas, como a Secretaria de Administração, mas de resto é uma demonstração clara da forma como trabalha o Governo Antônio Britto.

O ICMS, Ver. Cyro Martini, no País, aumentou, nos anos de 1995 e 96, 24,4%. No Rio Grande do Sul aumentou, apenas, um terço disso. Como no País nós tivemos, em 1996, uma arrecadação de 55,7 bilhões de reais, o Rio Grande do Sul, que  em 95 tinha arrecadado 8,3, baixou para 7,2. Houve uma diminuição de arrecadação de ICMS no Estado de 13%, o que significou que o Estado arrecadou menos em 1996 - a economia como um todo cresceu e o Estado arrecadou menos - que no ano anterior. Portanto, deixou de arrecadar 613 milhões de reais. Então, a crise se explica muito facilmente. E esse quadro, de onde se investiu mais e de onde se investiu menos, mostra o caráter do Governo Antônio Britto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Isaac Ainhorn. Ausente. Ver. João Dib. Ausente. Ver. José Valdir. Ausente. Ver. Juarez Pinheiro. Ausente. Vera. Maria do Rosário. Desiste. Ver. Nereu D'Ávila. Ausente. Ver. Paulo Brum. Desiste. Ver. Reginaldo Pujol. Ausente. Ver. Renato Guimarães. Ausente. A Vera. Anamaria Negroni está com a palavra.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há mais ou menos duas semanas ocupei esta tribuna para denunciar o descaso da Secretária Municipal de Cultura, Margareth Morais, com as condições de segurança do Teatro de Câmara. Apresentei, inclusive,  um ofício do Secretário Estilac Xavier determinando a interdição do prédio até que fossem atendidas as exigências estabelecidas em um laudo da SMOV. Tal laudo condenava as instalações elétricas daquela casa de espetáculos. Afirmava o laudo que eram grandes os riscos, principalmente pelo grande número de crianças que assistem aos espetáculos infantis nos finais de semana. Mesmo assim, Senhoras e Senhores, passados mais de 50 dias, naquela época, de determinação de interdição do Teatro de Câmara, o mesmo permanecia aberto, funcionando normalmente e, o que é pior, com espetáculos infantis.

A imprensa, na ocasião, acolheu minhas denúncias e destacou em várias matérias de jornal e rádio a importância de se apurarem integralmente os motivos que levaram a Secretária a manter o teatro aberto. A Sra. Margareth Morais, em entrevistas concedidas a nossa imprensa, acusou esta Vereadora de semear o pânico entre os freqüentadores do teatro e estar tentando se promover às custas das denúncias sensacionalistas. E manteve o teatro aberto. Insistia em manter o teatro aberto.

Pois agora, Sr. Presidente, os jornais publicaram, na semana passada, a informação de que foi suspensa a programação do Teatro de Câmara, que ficará fechado para reformas, principalmente naquela reforma que solicitávamos, que é a rede elétrica. Então, nem tão sensacionalistas eram as minhas denúncias. E para demonstrar que minha intenção era tão-somente resguardar a segurança dos freqüentadores do teatro, quero transmitir daqui, desta tribuna, meus agradecimentos ao Sr. Secretário Engº Estilac Xavier, principalmente por sua preocupação com risco de acidentes envolvendo crianças, e também agradecer, sem dúvida nenhuma, à imprensa desta Cidade. Nossos veículos de comunicação, inteirados do caso, deram a ele o destaque necessário e que culminou com o fechamento do Teatro de Câmara até que sejam feitos os reparos determinados. O que foi, ao final de tudo, o que todos nós desejávamos. Muito grata.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e  Srs. Vereadores, tenho chamado a atenção há muito tempo para algumas contradições que têm marcado ultimamente o Partido dos Trabalhadores sobretudo na área da administração. Não quero, aqui, tocar nas questões internas do partido, porque elas são do partido, mas quero referir as questões que acabam por refletir na administração da coisa pública e, muito especialmente, na relação da Administração Popular que, no governo e no trato com os funcionários, atua de maneira muito semelhante, ou ainda pior, àquelas administrações que os parlamentares petistas, quando na oposição, atacam e criticam duramente. Hoje pensei que fossem falar do funcionalismo público municipal. Não vi nenhum Vereador falar da situação que os municipários enfrentaram, durante todo o dia de ontem, Ver. Adeli Sell, na frente da Prefeitura, depois de conversarem com o Vice-Prefeito José Fortunati.

Quero falar, na verdade, de um assunto que os Vereadores Adeli Sell, Guilherme Barbosa e José Valdir já conhecem: questões que acontecem na FESC - Fundação de Educação Social e Comunitária há muito tempo - na verdade, desde a saída do Ver. José Valdir e da Profa. Sônia Passos -, deixada absolutamente às traças, uma entidade que foi idealizada pelo Prof. Frederico Lamar, hoje meu chefe de gabinete, no tempo do Prefeito Telmo Thompson Flores, que teve modificações no seu encaminhamento, absolutamente legítimas, mas que tem, da minha parte – eu, que atuei junto à FESC -, um carinho muito especial. Quero-me referir muito especialmente a uma questão que levantei junto ao Ver. Adeli e ao Ver. Guilherme num programa da TV/COM, que é o Abrigo Inga Brita, a Casa de Passagem, e a situação que os funcionários lá enfrentam. Quero, em primeiro lugar, denunciar e gostaria de ouvir os Vereadores do PT. Gostaria até que eles pudessem me desmentir que há uma situação muito antiga de pedido de gratificação de insalubridade, no mínimo, por parte dos monitores e dos técnicos que, em número reduzido, muito abaixo do necessário, atuam nesses albergues e abrigos. Mas, mais do que isso, eu quero denunciar o descaso, o desrespeito, a absoluta falta de respeito político mínimo por um cidadão chamado Jarbas Ferreira, Diretor Administrativo, o qual o Ver. Adeli Sell conhece muito bem, porque já tem recebido denúncias contra ele.  Não vou tocar nisso, por enquanto, porque eu sei que o Ver. Adeli Sell está encaminhando. O que me preocupa é que, desde a nossa conversa na TV/COM , o comportamento do Jarbas Ferreira piorou. Agora ele entrou em uma espécie de nuvem de fumaça. Ele diz: “agora nós vamos primeiro resolver os problemas; aí, depois, vamos ver se temos que pagar insalubridade”. Resolver problemas, no caso de albergues, seria não atender ao público. Porque, exatamente, a queixa fundamental dos funcionários é o risco de vida, o risco de segurança física natural - vamos deixar bem frisado -, natural do tipo de serviço que lida com meninos-problema, meninos de rua, com adultos que são recolhidos, o que, obviamente, em algumas situações, pode provocar situações de risco, como ocorre normalmente nesse tipo de instituição. Mas por isso mesmo se justifica o pedido de insalubridade, que tem sido empurrado com a barriga permanentemente. O grave é que, no tempo da Profa. Sônia e do Prefeito Tarso Genro, o problema tinha começado a ter solução. A Profa. Sônia, inclusive pessoalmente, empenhou-se no assunto; o Prefeito Tarso Genro pessoalmente autorizou a licitação para se contratar um técnico no sentido de se fazer uma análise técnica e definir o grau de insalubridade que seria paga a esses funcionários. Curiosamente, um mês depois de ter assumido a Administração o Prefeito Raul Pont, trocada a direção, esse cidadão, o qual os funcionários, por questão de hierarquia, procuraram permanentemente e tiveram imensa dificuldade em serem recebidos, sendo  simplesmente chutados, maltratados e  ameaçados... E que, se eles trouxessem a questão a público ou a algum Vereador, aí sim a coisa iria se complicar mais ainda, como de fato foi. Nós estamos em julho, sete meses depois da nova Administração, e nada foi feito. Agora vejam os Senhores: quando vinculado ao MAPA, Ver. Nedel, o Inga Brita, por exemplo, trabalhava das sete às 17 horas e tinha 16 monitores. Depois de vinculado à FESC, passou a trabalhar 24 horas por dia com oito monitores - o dobro do tempo e a metade do número de profissionais. Mais do que isso, a situação é muito parecida no Abrivivência, é muito parecida no Casa de Passagem, onde normalmente se trabalha com quatro ou cinco técnicos estatutários, e para suprir deficiências se apelou à contratação de terceiros. A empresa escolhida se chama BRASUL. A BRASUL contratou auxiliares de serviços gerais que ganham como tal,  mas prestam atividade de monitoria, sobretudo no Inga Brita e nos demais abrigos.

Mais grave que isso, há momentos críticos, como, por exemplo, no fim de ano, no Natal, em que esses cidadãos, que não têm o menor preparo técnico possível para lidar com o público difícil que exige preparo - o Ver. José Valdir sabe bem, porque cuidou disso com a Profa. Sônia Passos -, ficam responsáveis e,  às vezes,  sozinhos,  dividem o espaço com um único monitor formal, efetivo, estatutário e concursado. Eu nem falo da questão legal de desvio de função. Falo do despreparo, do risco real que se cria numa instituição desse tipo, quando alguém que não tem preparo, não tem capacidade, lida com essas pessoas e obviamente pode, até inadvertidamente, não por responsabilidade dele, gerar problemas por não saber responder às situações que se criam.

 Também é grave, Sr. Presidente e Srs. Vereadores - vejo que a Bancada do PT faz uma reunião paralela -, a situação que se cria com relação às legalidades dessa empresa BRASUL, porque,  apesar de receber - ninguém me falou o contrário - o repasse em dia da Prefeitura (a Prefeitura tem pago a BRASUL perfeitamente em dia, aliás, como é comum; claro, Ver. José Valdir, isso é muito bom, não tenho nada contra, pelo menos desde o período Collares a Secretária Dilma Linhares conseguiu criar essa prática e foi mantida religiosamente pelos Prefeitos Olívio Dutra, Tarso Genro e, espero, Raul Pont; acho muito bom para a Prefeitura isso), mas, apesar de a empresa receber em dia, a empresa não paga em dia os funcionários. Chega a atrasar de dois a três meses e,  o pior, abre o saquinho de vales-transporte e retira fichas de maneira a calcular, rigidamente, o número de fichas pelo número de dias trabalhados e desconta sempre aqueles dias em que o funcionário, eventualmente, não tem o seu plantão, o que é um crime, é roubo pura e simplesmente. E não se diga que o Sr. Jarbas Ferreira não sabe do assunto,  porque ele sabe, mas faz ouvidos de mercador.

Essa situação vem ocorrendo há meses na FESC. Vou repetir: no tempo do Ver. José Valdir, quando Presidente, e depois no tempo da Profa. Sônia, houve a preocupação da FESC no sentido de encaminhar a situação. Havia uma negativa da Fazenda em cuidar do assunto. Houve o empenho pessoal da Direção da FESC, uma decisão pessoal do Prefeito Tarso Genro. Depois, morreu. Para discurso de defesa de trabalhador, me parece muito contraditória essa situação e eu cobro da administração da FESC de hoje. Aliás, a sua diretora está de férias. É pior, porque o Sr. Jarbas Ferreira é o diretor momentâneo. Ele ameaça descaradamente os funcionários. Eu quero dizer que  lamento que inclusive a administração da FESC não assuma junto à BRASUL, que é a empresa licitada, também um controle para que a empresa tenha respeito pelos funcionários. Eu, inclusive, lamento a terceirização porque, na verdade, o que a FESC tinha que fazer é abrir um concurso e preencher os cargos técnicos necessários ao trabalho que presta.

Nesse sentido, estou encaminhando à Vera. Maria do Rosário uma documentação sobre o assunto e espero que a sua Comissão, a partir de agosto, possa nos ajudar. E estou encaminhando à DRT uma denúncia para uma imediata fiscalização na FESC e na BRASUL para as providências cabíveis que me foram trazidas em documento por funcionários da Fundação. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Solicitação): Sr. Presidente, estou recebendo do Ver. Antonio Hohlfeldt, como Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, autorização para receber cópia do seu pronunciamento  e quero dizer que assumiremos a responsabilidade que temos, e é nossa obrigação, na avaliação das políticas públicas do atendimento na área de assistência social no Município, na nossa Comissão. Certamente, não oficialmente em 1º de agosto, mas antes disso poderemos conversar.

Finda esta fala, e não me pronunciando mais como  Presidente da Comissão, quero dizer que procurarei elementos para trazer ao Ver. Antonio Hohlfeldt amanhã, acerca do seu pronunciamento, como membro da Bancada do PT.

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O SR. PRESIDENTE: Acerca do pronunciamento, se o Vereador autorizar... ( Assentimento do orador.) Está autorizado, Vereadora.

O Ver. Cyro Martini está com a palavra. Dez minutos com V. Exa.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. Assumo novamente esta tribuna com o propósito inicial de marcar, assinalar de novo acerca da sorte do Departamento de Trânsito e, por via de conseqüência, do povo gaúcho. O DETRAN, se não se deram conta, é uma repartição pública com a qual se relacionam todos os que habitam no nosso Estado e assim nos outros Estados também. Uns porque são motoristas; outros porque têm interesses relacionados com motoristas; e alguns por nenhuma das razões relacionadas com a condução de veículo automotor, mas pela sorte de serem apenas pedestres. Então, o DETRAN interessa a todos.

Nós recebíamos há anos e despachávamos cerca de 800 expedientes no Setor de Registros de Veículos, novos e transferências. Processos conclusos, cerca de 800 - isso há 10 anos! Minha memória traz-me à luz esse dado. Não era o número de processos total, que era muito maior.

Então, uma coisa que o povo não se deu conta, e que o atual Governo bem que se deu, é de que o Departamento de Trânsito, mesmo com as reduções que sofreu ao longo do tempo com a retirada do policiamento e da fiscalização, com a  subtração da Engenharia de Tráfego, mesmo assim o DETRAN é um órgão maior que a maioria das Secretarias do Estado. Não há no Estado, seja órgão federal, seja órgão municipal, um órgão que, no curso do expediente, receba tantos usuários quanto o DETRAN.  O DETRAN não é um departamento qualquer, sem menor importância. É um órgão, no que diz respeito ao atendimento ao público,  mais importante de todos. Também no que diz respeito à matéria é um dos mais importantes. Os velhos componentes da administração do DETRAN, como eu,  têm muita honra, muito prazer, muita satisfação de ter prestado serviço naquela Casa. Por isso chamamos a atenção, porque ficamos apreensivos, sem  entender como o povo não se dá conta da importância do DETRAN.  Muitos interessados acreditam em aleivosias descaradas, injúrias despropositadas no que diz respeito às vítimas, mas não aos que assacaram, aos que atiraram. Gente como esse Eichenberg, o próprio Governador, sem mais nem menos, insinuam injúrias, difamações. Agridem moralmente qualquer um dos que trabalharam no DETRAN e trabalham hoje. Agridem moralmente, e a coisa fica em um patamar normal e, às vezes, até boa parte da população acompanha essas injúrias. É óbvio que a grande maioria dos que prestaram e prestam serviço lá, indiscutivelmente, é gente de caráter, de honra. Quando sabemos de certas manifestações do Ministro da Fazenda Pedro Malan, quando ele insinua  que devem cobrar suor e lágrima do funcionário público, também é outra injúria contra a qual temos que nos colocar.  

 No Departamento de Trânsito, na Polícia Civil, de modo geral, ou em outra repartição qualquer, todos sabem que a grande maioria, indiscutivelmente, é gente que tem caráter e honra. Por isso, pessoas como esse Eichenberg e outros irão pagar no futuro, quando o povo perceber, com clareza, que esse engodo que aí está hoje, do novo DETRAN, é algo que vai contra o povo. Se venderam a CEEE,  a CRT e parte, senão o todo, desses e de outros órgãos públicos, alienando o patrimônio público...  O DETRAN deram de graça. É pouco dinheiro que está em jogo? Não, basta que contem, basta que se dêem conta do volume. E, a par disso, ainda obrigam a novos pagamentos que o velho DETRAN, aquele que apenas integrava gente sem caráter, sem honra, corruptos e levianos... Aquele lá, não este aqui, que é de gente boa, que transfere de graça o patrimônio e as taxas públicas.

Vejam que se está encaminhando no sentido de transferir para a iniciativa privada a vistoria. Menciono um dado para termos noção do valor e da importância da vistoria dos veículos automotores no DETRAN. O melhor caminho para localizarmos o carro furtado é o da vistoria - qualquer policial sabe disso. E agora transferem para quem? Transferem para as concessionárias. Qual o compromisso que têm as concessionárias com esses aspectos? Quantas coisas nós poderíamos analisar!

Eu fico triste. Fico lembrando de nomes honrados que trabalharam no DETRAN - delegados, comissários, inspetores, escrivães, investigadores, guardas de trânsito, fiscais de trânsito e outros funcionários, como médicos, psicólogos e administrativos,  que ficam sob a suspeição de gente desonesta.  Quanto eles lutaram  e lutam para assegurar, dentro da receita do Estado, essas taxas que eram minguadas e que foram aumentadas agora para não serem reajustadas quando forem transferidas para a iniciativa privada! Então, que poder, que autoridade moral tem gente como Eichenberg e outros para dizer que no passado eram todos levianos e irresponsáveis? Onde está a competência desse novo DETRAN, a eficiência desse novo DETRAN? É claro que, ao iniciar uma nova metodologia, um novo processo, sempre há dificuldades do pleno ajustamento, mas chegar ao ponto desse novo DETRAN não ter as mínimas condições de trabalhar e funcionar já na sua arrancada, isso significa falta de planejamento, falta de previsão, falta de competência. Isso significa que o que importa não é o bom serviço, mas outras razões que levaram à entrega - como diria o meu companheiro lá, na esquina do bairro - de mão beijada à iniciativa privada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não poderia deixar de fazer uso da palavra nesta manhã, até porque fui citado pelo Ver. Antonio Hohlfeldt quando ele nos trouxe a questão da FESC.

Preliminarmente, gostaria de dizer que a nossa administração na FESC e a própria FESC, na administração anterior, foi atípica. Atípica porque nós fizemos uma minirreforma administrativa na Prefeitura para, de um lado, viabilizar a FESC enquanto instituição e, de outro lado, resolver a questão da política de assistência social não só implantando ações integradas de assistência social como, também, resolvendo o problema grave que é a falta de um comando único da assistência social em Porto Alegre, como estipula a Lei Orgânica da Assistência.

Vale lembrar que, em abril de 1994, esta Casa aprovou a Lei 7414, que reestruturou a FESC, e não só a FESC, mas outros órgãos - a própria Secretaria da Saúde, que passou os seus equipamentos de assistência para a FESC, a extinção do MAPA, e colocou, na FESC, a assistência social. A FESC passou a ser um órgão reestruturado, ampliado nas suas funções, e passou a ser o órgão comandante da assistência social em Porto Alegre. Aprovada a lei em abril de 1994, a própria lei estipulou que os equipamentos do MAPA passariam para a FESC e os funcionários do MAPA ficariam cedidos para a FESC por mais um ano.

No final do ano de 1994, nós realizamos o primeiro concurso público na FESC.  Realizado o concurso, os funcionários efetivamente começaram a assumir na FESC a partir do ano seguinte, de forma que até o fim do ano de 1995 ainda estavam chegando funcionários. Portanto, a nossa gestão na FESC foi uma gestão marcada por este longo período de adaptação e transição.

O caso do albergue que, na época, chamava-se Albergue Inga Brita é um caso típico. Este albergue era do MAPA, passou para a FESC. Teve, portanto, até meados de 1995, os seus funcionários, como os ex-funcionários do MAPA,  cedidos, e, a partir de 1995, paulatinamente, nós fomos substituindo-os pelos funcionários concursados. Foi um período grande de adaptação e houve toda uma dificuldade no sentido de viabilizar aqueles equipamentos, minimizar os efeitos desse período de transição, de troca de funcionários, com uma clientela que a gente sabe que é muito sensível - são adolescentes. Além disso, tivemos todo um período de adaptação do albergue às novas exigências do ECA. Uma das adaptações, que não se esgota na mera troca de nomes, foi que ele passou de  albergue para abrigo. Isso é toda uma nova filosofia de trabalho que implantamos e que está previsto no ECA. 

Na nossa administração, ficaram muitos problemas ainda para serem resolvidos porque tivemos de, além de implantar as novas políticas, administrar a transição na FESC com equipamentos que lidam com um público complexo, sensível, como é o caso do adolescente e da criança e população de rua. Na minha gestão, ao final de 95, recebemos uma comissão de funcionários dos abrigos solicitando esta questão da insalubridade. O que fizemos? Levamos a reivindicação para o Governo e foi aprovado. O Governo tomou a decisão política de pagar essa gratificação e a Secretaria  da Administração nos aconselhou que fizéssemos uma licitação para estipular o grau de insalubridade. Fizemos isso. A  Diretora Sônia Passos, quando saiu da FESC no final de 96, deixou a licitação encaminhada, e é uma surpresa que isso ainda não tenha sido resolvido porque estava em processo de finalização da licitação. O edital já havia sido colocado e faltava escolher a empresa, contratar, estabelecer e pagar. Não me consta que  o Governo do companheiro Raul Pont tenha mudado de posição. Acredito que a posição seja a mesma. Portanto, o Ver. Antonio Hohlfeldt, quando faz esse registro de que estávamos com um determinado encaminhamento, é verdadeira essa informação.  Queremo-nos somar no sentido de agilizar, porque a posição é a mesma, para garantir essa reivindicação, pois já havia uma decisão política de implementar.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, vou ler documento recebido. (Lê.)

“O Diretor Administrativo nos recebeu para dizer que não poderia contratar o perito porque não existia autorização para tal e que todas as informações que tínhamos” - dizem os funcionários – “até então não correspondiam à verdade. Nos ameaçou que, se fizéssemos qualquer outro movimento por outras esferas do Governo, não faria mais nada.”

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Na época, nós tínhamos a decisão política do Governo. Agora, se não há essa autorização, acho que temos que nos empenhar para conseguir, a menos que tenha havido uma mudança de posição política. Não acredito que tenha havido.

Não li o documento e estou solicitando uma cópia para o Vereador. Certamente, não vou concordar com muitas coisas que têm aí, mas, quanto à reivindicação em si, o testemunho que posso trazer da época em que fomos direção da FESC e deliberação em nível de governo é essa. V. Exa. tem toda a razão, pois havia decisão política do Governo de pagar essa gratificação e demos os primeiros encaminhamentos para tal. Se houve  alguma mudança de posição ou outro fator, temos que identificar claramente e tomarmos uma  posição o mais rápido possível para clarear as coisas - se houve alguma mudança - ou agilizar os procedimentos que já tinham sido iniciados. Por isso me somo ao esforço de V. Exa. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, os jornais de hoje falam que está deflagrada a privatização do Meridional, que o Banco Central inicia a venda do Meridional.

 Nós não fomos ouvidos. O Ver. Guilherme Barbosa, da Bancada do PT, liderou, na legislatura passada, uma comissão externa; nesta legislatura novamente. Ele e os Vereadores desta Câmara ouviram várias pessoas que tiveram posição sistemática em defesa do Meridional público, e não da sua venda, ou melhor, sua doação à iniciativa privada, porque o Governo não está vendendo bancos, não está vendendo patrimônio, o Governo está doando patrimônio. Foi assim na semana passada com essa vergonhosa doação do Banco do Estado do Rio de Janeiro ao Banco Itaú. Não bastasse o PROER para o Nacional, o Econômico e o Bamerindus. Mas não há PROER para os Estados, não há PROER para a agricultura. Apenas o descaso para com o nosso agricultor penalizado, que recebe, a cada início de ano, promessa de alguns bilhões de reais, mas que depois não se realiza na prática.

 Agora o Meridional, fruto da luta incansável de milhares de gaúchos e brasileiros, principalmente da parte meridional do nosso Brasil, está para ser privatizado. As matérias sequer mencionam uma proposta do Senador Pedro Simon, que está em discussão no Congresso Nacional, para que ele se tornasse um banco do Mercosul, um banco de fomento, para que a economia do Rio Grande do Sul seja salva, para que ela possa se adequar aos novos rumos do Mercosul. Nem uma palavra. Absolutamente nada. As matérias destacam que os bancos que queiram participar do processo de privatização terão acesso a informações sigilosas. Mas nós, o povo,  não temos     acesso a qualquer informação acerca do Meridional. Bancos estrangeiros terão esse privilégio que nós, brasileiros, não temos.

Não estou aqui simplesmente preocupado com a possível demissão mais intensa que haverá no Meridional, porque já está havendo e está criando uma situação de desconforto entre os bancários do Meridional. Estou preocupado, sim, com os bancários do Meridional, os funcionários que construíram essa riqueza junto com os correntistas, que são milhares no Rio Grande do Sul e no Brasil afora. Pois agora que o Banco funciona e que está bem colocado na conjuntura econômica-social do País será doado para a iniciativa privada.

Nós, do Partido dos Trabalhadores, não nos calaremos diante dessa situação, porque, de outra feita, aqui aprovamos moções favoráveis ao Meridional. Por proposição do Ver. Renato Guimarães, também nos manifestamos em defesa do sistema financeiro estadual Banrisul/Caixa Econômica, e também não fomos ouvidos. Infelizmente, o povo nunca é ouvido neste País, mas abre-se a Nação para bancos estrangeiros, abre-se a Nação, e o nosso sigilo para o capital financeiro internacional. Eu estou profundamente pesaroso. Muito obrigado. 

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em Comunicação de Liderança.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de fazer aqui um registro necessário. Quando o Secretário de Transportes, companheiro Luiz Carlos Bertotto, esteve aqui, eu cobrava de S. Exa. a questão do rebaixamento de canteiros na Av. Ipiranga em frente à RBS. Depois, ele teve a simpatia e a gentileza de passar em meu gabinete para fazer um reparo de que não foi a administração dele que fez o rebaixamento, mas a administração anterior, Administração Collares.

Eu registro a informação do Secretário Bertotto, porque ele merece todo o respeito e toda a credibilidade. Fiquei na dúvida, mas o Secretário Bertotto falou, está falado, e não tem problema nenhum. Mas quero, de toda maneira, fazer um registro aqui.

Tive acesso a uma pseudonota à imprensa distribuída pelo Secretário Adjunto da SMT, companheiro Maury Cruz. Eu desconhecia que ele fosse jornalista. Fiquei sabendo disso agora. Ele assina uma nota à imprensa, em nome da SMT, pedindo que haja correções sobre umas  informações que o “Correio do Povo” andou veiculando sobre a sua participação no episódio da legislação proposta pelo Ver. Elói Guimarães a respeito da tarifa de ônibus. Diz ele que não esteve aqui no Plenário durante a votação e que não teria cumprimentado o Ver. Reginaldo Pujol.

Sobre a primeira questão, quero ratificar a informação que o jornal deu, porque eu vi o nosso companheiro Maury Cruz aqui - não acho nenhum crime, de maneira nenhuma, mas é uma questão de verdade -, durante a votação. Lamento que ele negue que estava aqui. O Ver. Carlos Garcia deve lembrar que Maury Cruz esteve aqui na Sessão Solene e permaneceu, posteriormente, com os rodoviários - no que, aliás, acho absolutamente legítimo, não tenho nada contra. Só que o Secretário, numa função de jornalista, e jornalista atravessado, está desmentindo o que é indesmentível. Quanto ao abraço ao Ver. Reginaldo Pujol, vou deixar que ele fale se foi abraçado ou não pelo Secretário Adjunto. Eu não vi, mas me disseram que foi. Em todo caso, é um problema dos dois. Fica registrado o estranhamento.

Acho que a Secretaria deveria ter um certo cuidado, porque é legítimo um secretário pedir retificação de informação,  mas óbvio que não em uma nota à imprensa. E devemos ter um cuidado com a questão do jornalismo para não sair isso que saiu: uma nota à imprensa, assinada por alguém que não é jornalista. Acho que pega mal para a SMT.

Fica o registro, mas, sobretudo, fica a minha expectativa de que o bom senso do Prefeito Raul Pont, apesar de autorizado mais um aumento, faça a mediação entre os rodoviários e permissionários, mas não aumente a tarifa de ônibus na Cidade de Porto Alegre, porque, realmente, será muito ruim para a população.  De toda maneira, fica a expectativa de que tão cedo não tenhamos que tocar nesses assuntos e, sobretudo, não tenhamos que sofrer de novo essa pressão absolutamente desnecessária, que não seria própria da Câmara de Vereadores de resolver, de discutir um assunto que, primordialmente, caberia ao Executivo, se o Executivo tivesse encaminhado o problema lá, no mês de fevereiro, quando se deu conta do problema  -  até mesmo o Executivo, sim -, enviando um projeto à Casa. Mas eu mantenho a minha discordância profunda de que tenha sido esta própria Casa a propor essa legislação modificando e onerando eventualmente a população de Porto Alegre. Isso me parece realmente lamentável e fica como uma mácula em relação à atual legislatura da Casa. Perdemos por um voto. Acho que foi uma derrota honrosa, mas, sobretudo, acho que tivemos uma vitória: mostramos que, efetivamente, pelo menos parte da Casa faz, de fato, a defesa da população de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está com a palavra em Comunicação de Liderança.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós continuamos visitando as escolas de Porto Alegre e a grande maioria continua com problemas.

Nós visitamos a Escola Estadual de 1º Grau Professor Oscar Pereira, no Bairro da Glória, e neste ano foram desativadas as turmas de pré-escola e primeira série. Duas turmas de primeira série foram desativadas porque o Governo do Estado se comprometeu a efetuar uma obra para substituir o prédio de madeira e até o presente momento essa obra não foi sequer iniciada. Qual a nossa preocupação? Justamente com as séries iniciais. Para ter-se uma idéia, hoje as turmas de primeira série daquela escola são turmas com 32 alunos, ferindo o próprio regimento da escola, que prevê turmas para as primeiras séries de, no máximo, 25 alunos. Além disso, é uma escola que possui 850 alunos e só existe um funcionário para a  limpeza.

Estou convidando os demais Vereadores, principalmente os Vereadores que atuam na área da educação, que visitem essa escola, dêem apoio e solidariedade, porque, realmente, a situação da Escola Oscar Pereira é de calamidade: o prédio está em péssimas condições - um prédio de madeira com mais de 40 anos -, turmas desativadas e um funcionário para a limpeza. 

Gostaríamos, também, de fazer um alerta, porque de uma hora para outra a questão da possibilidade de aumento do ônibus cessou. Não estamos vendo mais a movimentação dos rodoviários. A proposta dos Vereadores Elói Guimarães e José Valdir fala que as tarifas poderão ser reajustadas a pedido das empresas de ônibus quando da data-base da categoria profissional, que foi no mês de junho, ou quando a inflação acumulada desde o último reajuste ultrapassar 8%. Neste ano, o índice de inflação do IGPM foi de 5,08%. Nós, do Partido Socialista Brasileiro, estamos atentos quanto à questão do Executivo e vamos estar mais atentos ainda para que aquilo que defendemos ocorra, ou seja, que esses índices não sejam repassados mais uma vez para a população de Porto Alegre, já que no mês de fevereiro houve um reajuste de 9%.

Uma outra preocupação está no que se refere ao parágrafo 4º, quanto ao “controle da cobrança  das tarifas no transporte coletivo, qualquer que seja o sistema de catacras adotado”:  “as tripulações dos ônibus deverão ser sempre constituídas, no mínimo, de cobradores e motoristas”. Aqui já vimos que os fiscais serão os primeiros a serem demitidos. É uma outra situação para a qual temos que estar atentos, já que defendemos que os postos de combustíveis não tenham o “self-service”. Também vamos estar atentos para que novas situações de desemprego não ocorram.

O PSB vai fazer campanha maciça junto à população de Porto Alegre para que não ocorra aumento na tarifa do transporte coletivo em Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sra. Vereadora, gostaria,  inicialmente, de destacar uma questão que me chama a atenção sobre o balanço apresentado pelo Governo do Estado.  Separei um item, que são os gastos com publicidade, que chegaram a 18 milhões, enquanto que os gastos com investimentos na área de saúde ficam em torno de oito milhões. O Governo do Estado gastou 10 milhões a mais em publicidade do que com investimentos na saúde. Isso são  dados para os Srs. Vereadores prestarem atenção de como o Governo do Estado conduz a sua política orçamentária. Gasta oito milhões em saúde e 18 milhões com publicidade.

Destaco a questão da militância política que faço na Cidade e na condição de Conselheiro Tutelar que fui há alguns anos, quando acompanhei toda a história de transformação das ditas casas de atendimento de menores em abrigos, respondendo à nova legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Eu digo isso para informar  que a FESC, a partir de 94-95, começa a responder, no Município de Porto Alegre,  pela política de atendimento de abrigos. Eu destaco que antes, na condição de Conselheiro, por muitas vezes visitei, fiscalizando, as instituições da FEBEM, que também são abrigos. Eu chamo a atenção dos Vereadores, principalmente os do PSDB, porque se faz necessário manter hoje essa fiscalização sobre os abrigos da FEBEM. Nós temos informações dos Conselheiros Tutelares de que essas casas estão sendo sucateadas. É interessante destacar isso aos Vereadores do PSDB,  porque eles também têm, como nós, um grande empenho em fazer a fiscalização dessas entidades. Além dos abrigos da FEBEM, da FESC, também existe uma rede conveniada de abrigos que eu acredito que os Vereadores desta Casa devam fiscalizar o atendimento. A verdadeira implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente depende de uma rede municipal de atendimento que funcione. E essa rede não é só de responsabilidade da Prefeitura de Porto Alegre. É também de responsabilidade do Governo do Estado, da FEBEM, a qual é administrada, hoje, por companheiros do PSDB. É necessário que os companheiros desta Casa façam o acompanhamento e a fiscalização dos abrigos da FEBEM.

Outra questão que gostaria de destacar, levantada hoje aqui,  é a questão da terceirização. Quero dizer que acompanhei pelos jornais que o Presidente Fernando Henrique Cardoso recomenda a todos os órgãos da sua administração que terceirizem todos os serviços de portaria, segurança e limpeza. É interessante que nós também façamos esse debate. O que é a reforma administrativa proposta pelo Governo Federal? O que ela representa na área da saúde, habitação e assistência social? Hoje estamos acompanhando,  aqui no Rio Grande do Sul,  os efeitos negativos do Programa de Demissão Voluntária. A Brigada está sem efetivo para prestar segurança pública, os hospitais públicos estão sem servidores para atender a sua demanda. Isso tudo por causa de uma reforma administrativa que não discute o papel do Estado, que tem que estar respondendo às suas principais atribuições, que é atender a saúde, educação, assistência social. A reforma administrativa que o Governo Federal está tentando implantar em nível federal é uma reforma que simplesmente acaba com o atendimento na saúde, na educação. A proposta de organização social que o Governo propõe nada mais é do que a total privatização de entidades públicas muito importantes para a vida do povo, como, por exemplo, a proposta de transformar o Hospital Presidente Vargas em organização social. Isso é privatizar o hospital!

Destaco que, na discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias que ocorre na Assembléia Legislativa,  existem duas emendas populares pelas quais esta Casa deve se mobilizar.  Uma é a emenda popular que destina 10% do Orçamento do Estado para a saúde. O Governo do Estado gastou, no ano passado, e prevê gastar neste ano 2,5% com saúde. Não podemos deixar que isso aconteça. Também há um movimento nacional para o projeto de Emenda Constitucional nº l69, que prevê 30% das verbas da Seguridade Social para a saúde e 10% dos orçamentos fiscais da União, dos Estados e Municípios para a saúde. Esta Casa deve se agregar a esses movimentos.

Existe uma iniciativa do Movimento Popular de Porto Alegre em criar uma emenda popular que comprometa o Governo do Estado com as despesas do Hospital de Pronto Socorro. Essa emenda está sendo reeditada por iniciativa do Ver. Henrique Fontana, Secretário da Saúde do Município. 

Eu gostaria que os Vereadores do PSDB, da mesma forma que vieram aqui e colocaram a questão dos abrigos da FESC, na próxima Sessão tragam ao conhecimento dos Vereadores a situação dos abrigos que a FEBEM mantém. Sabemos que são precários, são sucateados. E dizem que querem municipalizar. Querem municipalizar prédios caindo aos pedaços. Municipalização não é prefeiturização. É um ato muito responsável. Municipalização é equipamento, é servidor e também é verba e receita. É esse o debate que queremos fazer com a Bancada do PSDB. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinho está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, temos aqui, junto com o Ver. Renato Guimarães, tratado do tema da privatização da saúde e do projeto do Governo Federal de privatização de vários hospitais públicos. Se esta Casa, na sua institucionalidade, tem feito ouvidos moucos para uma questão tão importante, ou seja, a possibilidade de privatização do HPV e do Grupo Hospitalar Conceição, que responde por aproximadamente 35% do atendimento médico ambulatorial desta Cidade, felizmente outras entidades, como o Conselho Municipal de Saúde, Conselho Estadual de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, FRACAB, CUT e uma série de outras entidades sindicais, não têm tido o mesmo procedimento. Essa responsabilidade, que seria prioritariamente desta Câmara, está sendo transferida para outros órgãos.

Nós estivemos reunidos com essas entidades e com parlamentares desta Casa que compõem esse fórum.  O  entendimento dos presentes a essa reunião, realizada na semana passada na Assembléia Legislativa, foi de que as organizações sociais significam o desmonte do SUS, transferindo serviços públicos para o setor privado que, por sua natureza e objetivos, não deixará de buscar retornos financeiros. Basicamente, o Projeto Bresser, que formaliza a figura do “setor público não-estatal”, tem como objetivo a privatização. Essa política de privatização está adequada aos interesses da construção do Estado neoliberal que está sendo implantado no Brasil. Concluímos também que para enfrentar essa política e os desdobramentos práticos das OS é fundamental que a luta passe pelo fortalecimento do SUS, como política construída pelos movimentos sociais.

Com base nesse debate realizado na Assembléia Legislativa na semana passada, foi decidida a criação de um comitê em defesa dos hospitais públicos, contra as organizações sociais, com desdobramento em atividades concretas do Movimento SOS-SUS: “Todos pela saúde, saúde para todos!” Também a criação de uma Comissão Executiva para organizar as atividades do lançamento do Comitê, audiência com o Ministro da Saúde e uma reunião, amanhã, dia 10, às 10 horas, na sala da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, para que essas questões sejam aprofundadas.

Finalizando a minha intervenção, queria chamar a atenção de que possivelmente hoje seja votado, no Congresso Nacional, mais um capítulo nefasto da reforma administrativa promovida pelo Governo Fernando Henrique Cardoso, conhecido como FHC, no sentido de terminar com uma das maiores conquistas da democracia brasileira, ou seja, a estabilidade do servidor público. O que está se buscando, na verdade, sob a pecha de tentar-se diminuir o custo Brasil - que é uma mentira, porque sabemos que 40% do Orçamento deste País é gasto com o pagamento de juros e a amortização da dívida, que cada vez aumenta mais -, é culpar o funcionalismo público pelo déficit público. Na verdade, o que vai se constituir, se esses capachos deste Governo Federal conseguirem dobrar a coluna vertebral do movimento popular, é fazer com que a função pública deixe de ser exercida por concurso público, legítimo, para que sejam criados cargos em comissão que vão ser destituídos a cada novo governo que se estabeleça nesta República. É mais uma página triste da história deste Governo que está infelicitando a vida da maioria do povo brasileiro. Estamos aqui dizendo “não”: não à quebra da estabilidade, sustentáculo, também, da democracia e da dignidade deste País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos da presente Reunião.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h03min.)

 

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